Amizade de infância tem mesmo um sabor diferente, inigualável. Uma doçura permanente, com traços de pureza e toques de ingenuidade. Tem também um leve gostinho de traquinagem e uma pitada generosa de diversão. É feito café forte, marcante, que mesmo depois de engolido, ainda deixa seu gosto na boca. E faz querer sempre mais. Sabor igual não há!
Ter um amigo de infância é como vestir um sapato velho, surrado, que pode já não ser tão bonito por fora (e isso também pouco importa), mas é tão confortável, encaixa tão bem, é tão perfeito pra você... Tão perfeito a ponto de que, quando ele está perto, seja em qualquer lugar do mundo, lhe dá uma sensação tão boa de pertença, de que aquele é o seu lugar, de que está em casa.
Amigos de infância não te apertam o calo, já conhecem seus defeitos de longa data e não se importam com eles. Também não causam bolhas inesperadas, pois você já os conhece tão bem que sabe o que esperar deles. Vestir um sapato velho, assim como estar com um amigo de infância, é puro aconchego.
Amizade de infância é um travesseiro fofo, macio, onde você deita a cabeça com a consciência tranquila, sem querer mostrar mais do que é, sem querer ser mais do que é. E que, além de tudo, lhe faz sonhar.
Amigos de outrora são como um velho par de óculos, com as pernas tortas e lentes grossas. Nem sempre se encaixam no rosto de maneira perfeita e, às vezes, esquecemos que eles estão conosco. No entanto, quando a vida nos embaça os olhos, eles estão lá pra clarear nossas vistas. E até para nos fazer lembrar, enxergar, quem realmente somos.
Amigo de infância é uma grande poltrona no meio da sala em que a gente pode vir correndo e se jogar sem medo, sem receio, sem nove horas. E ele o fará sentir-se abraçado (mesmo que distante), seguro (mesmo que esteja em apuros), acolhido (mesmo que você esteja se achando a pessoa mais sozinha do mundo) e pronto pra qualquer coisa nessa vida. Qualquer coisa!
Melanie Retz